A importância do ouvir
Boa Vida

A importância do ouvir




Esses dias estive pensando sobre o papel dos profissionais de saúde atualmente. Na maioria das vezes, assumimos uma postura essencialmente curativa. Incorporamos a ideia que os casos que atendemos são essencialmente iguais quando a patologia é a mesma. Reduzimos o tempo de atendimento e limitamos as perguntas que fazemos aos pacientes, pois muitas vezes "já sabemos o que eles vão responder". Generalizamos conceitos. Assumimos que sabemos exatamente como "curar" o indivíduo.

Só que, na verdade, não é bem assim.

Os casos e patologias podem ser semelhantes, ter o mesmo diagnóstico, mas as pessoas são diferentes. Suas histórias de vida são diferentes. E quando estamos falando de quadros que envolvem sofrimento psíquico, além de físico, isso se torna especialmente importante.

Um outro problema dessa postura curativa, pelo menos para nós nutricionistas, é o fato de acreditarmos que somos responsáveis pela cura dos sintomas e pela cura do sofrimento de alguém, ao passo que o sofrimento por si só é inerente à existência humana. Temos na manga milhões de prescrições, dicas, sugestões e estratégias, o que de certa forma é importante, mas esquecemos que o principal responsável pela mudança de comportamentos é o próprio paciente. Esquecemos que, muitas vezes, se estimulassemos mais a conversa e adotássemos a escuta ativa, as soluções partiriam do prórpio paciente.

Muitos profissionais se sentem confusos com essa abordagem porque, além de outras coisas, sentem que perderiam a função e a importância dentro do tratamento. E é justamente aí que se enganam. É aí que o vínculo com o paciente se torna mais forte e essencialmente terapêutico. É quando conseguimos obter significados daquilo que ouvimos e que num primeiro momento parecia insignificante.

Tem uma frase da americana Laura Douglass que gosto muito e que me fez repensar meu papel como nutricionista (inclusive, esta frase está neste artigo, muito interessante! Quem quiser manda um email que tenho a versão na íntegra!): "Eu não preciso resolver cada conflito, mas sim criar um contexto, um ambiente propício, em que ideias e posições conflitantes são convidadas a brincar e imaginar novas formas de conviverem juntas".



loading...

- Minhas Reflexões Sobre O Dia Do Nutricionista
Dia 31 de agosto é comemorado o dia do nutricionista. Todo ano, quando essa data se aproxima, procuro refletir sobre os rumos da minha atuação, meus desafios e minhas recompensas. Lembro-me até hoje do dia em que, ainda como estudante, me foi plantada...

- Eu Gosto Do Meu Corpo... E Agora?
Outro dia ouvi de uma paciente a seguinte frase: “sabe, Carol... Depois de todo esse tempo, eu percebi que até que eu gosto do meu corpo...” Por trás do alívio e serenidade que esse tipo de percepção traz, muitas vezes fica aquela sensação...

- A Conduta E O Processo Terapêutico
Acabei de voltar do pronto socorro, pela segunda vez no dia, devido a uma reação alérgica por conta de um medicamento. Perrengues à parte, o dia de hoje me possibilitou a inspiração pra escrever esse post. Continuo me impressionando com a falta...

- Entendendo A Motivação Para O Tratamento Nos Transtornos Alimentares – Parte 2
E vamos dar seguimento ao assunto abordado no último post. No artigo “The myths of motivation: time for a fresh look at some received wisdom in the eating disorders”, a autora coloca também algumas reflexões interessantes sobre estratégias motivacionais...

- Normose: A Patologia Da Normalidade
Normose é um conceito novo, trazido por alguns autores da Psicologia Transpessoal, que tem ganhado espaço nos meios terapêuticos. É um conceito que lida com a idéia do que é considerado "ser normal" numa determinada sociedade ou grupo e do quanto...



Boa Vida








.