Boa Vida



Hoje é dia do nutricionista, um dia que para mim é de celebrar, mas também de refletir; refletir sobre os rumos da Nutrição e, especialmente, sobre o meu próprio, sobre meu papel e minha atuação como nutricionista.
Tenho me dado conta de que vivemos na época da “terceirização” do cuidado: me parece que muitas pessoas não querem se cuidar, mas sim serem cuidadas; querem ser monitoradas, vigiadas e controladas.
Vejo e ouço algumas coisas que me geram conflito interno: academias-conceito, com mensalidades de cerca de R$ 1000,00, onde o diferencial é que o personal trainer fica “ligado 24 horas por dia no aluno por mensagem: controla a alimentação, os treinos e a frequência” (matéria da revista 29 Horas, agosto de 2015); pacientes meus que se desesperam quando peço para que escolham o que gostariam de comer de café da manhã, e praticamente me imploram: “Carol, me diz o que eu posso e não posso comer, me faz uma lista, juro que vou seguir!”; clínicas de dieta famosas, que englobam o indivíduo de tal forma que ele deve frequentá-la algumas vezes por semana: passar por consultas ali, praticar exercício ali, assistir palestras ali e, se possível, comer ali (algo que não tenha sido escolhido por ele mesmo, claro).
De certa forma, esse movimento pode ser compreensível: num mundo de informações conflitantes, especialmente no que diz respeito a comida/corpo/peso/atividade física, parece que as pessoas perderam sua autonomia e liberdade de escolha. Pois para isso é preciso reflexão crítica e autoconhecimento, e muita gente não quer ou “não tem tempo” para isso.
E é nesse ponto que meu trabalho se torna um pouco mais difícil, já que eu não passo dietas e proponho que o indivíduo entenda e mude sua relação com a comida nos níveis mais profundos. Entendendo não só o que, mas como e por que ele come, poderá fazer escolhas de fato mais conscientes e se responsabilizar por seu autocuidado. Muitos pacientes descordam da minha abordagem e saem frustrados da consulta. Defender um novo paradigma pode ser bastante cansativo.
Mas é também bastante recompensador. Recebo feedbacks maravilhosos de meus pacientes e de vários leitores aqui do blog, que tomam a iniciativa de criar espaço para as coisas que fazem sentido para si. Vejo com frequência esse tipo de trabalho mudar vidas. E não foi porque o indivíduo perdeu peso, acreditem...
Tenho orgulho e satisfação em ser nutricionista. Parabéns a mim mesma e a todos os colegas da área!



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