Boa Vida
Espiritualidade e Saúde
Desde
tempos
remotos,
o
cuidado
com
a
saúde
esteve
ligado
com
a
dimensão
espiritual
e
religiosa
do
ser
humano:
curandeiros,
xamãs,
pajés,
sacerdotes,
sacerdotisas,
padres
e
freiras
eram
também
os
responsáveis
pela
saúde
física
dos
integrantes
de
suas
comunidades.
Cuidar
da
saúde
era
cuidar
da
espiritualidade.
Durante
séculos
as
intituições
religiosas
cuidaram
e
controlaram
a
saúde
e
os
cuidados
médicos,
e
até
mesmo
as
licensas
para
executar
a
medicina
eram
dadas
pela
igreja,
na
Idade
Média.
Os
primeiros
hospitais
foram
criados
por
intituições
religiosas
e
até
meados
do
século
XVIII
ainda
era
assim
–
mesmo
hoje
encontramos
diversos
hospitais
ligados
a
entidades
religiosas
(Hospital
João
Evangelista,
por
exemplo).
Por
muitos
anos
acreditou‐se
que
as
doenças
físicas
e
mentais
eram
causadas
por
possessões
demoníacas
ou
outras
forças
espirituais,
e
por
isso
tinham
que
ser
tratadas
no
âmbito
religioso/espiritual.
O
ápice
desta
crença
se
deu
em
1487
com
o
Maleus
Maleficarum,
que
condenou
as
bruxas
à
fogueira
–
muitas
das
quais
eram
doentes
mentais
que
necessitavam
de
cuidados
apropriados.
Este
movimento
ficou
conhecido
como
“Inquisição”
e
durou
cerca
de
200
anos,
e
todos
sabemos
das
atrocidades
cometidas
pela falta
de
conhecimento
mais
esclarecido.
Nos
últimos
500
anos
observamos
um
declínio
do
poder
da
igreja
e
um
avanço
da
medicina
científica,
permitindo
que
esta
se
libertasse
do
controle
religioso.
A
separação
entre
religião
e
medicina
só
aumentou
desde
então;
no
entanto,
nos
últimos
anos, temos
observado
um
renovado
interesse
pelas
técnicas
tradicionais de
medicina
e
mesmo
um
crescente
interesse
sobre
o
quanto
a
religião
e
a
espiritualidade
influenciam
na
saúde.
Um
número
grande de
pesquisas
científicas
robustas
e
bem
desenvolvidas
apontam
a
importância
da
dimensão
espiritual
e
religiosa
do
ser
humano,
e
como
ela
afeta
a
saúde
de
forma
relevante.
A
primeira
razão
para
tal
ressurgimento
se
deve
ao
fato
da
religião
e
da
espiritualidade
serem consideradas
um
importante
aspecto
da
vida
pela
maioria
das
pessoas
‐
no
Brasil
87%
das
pessoas
acreditam
em
Deus
e
consideram
a
religiosidade/espiritualidade
um dos aspectos
fundamentais
da
vida.
Apesar
de ter
sido
visto
como
doentio
por
indivíduos
consagrados
como
Freud
, e
esta
visão
ter
contaminado
boa
parte
do
mundo
acadêmico,
o
que
se
observa
atualmente
é
uma
renovação
do
olhar
para
esta
dimensão
tão
importante
do
ser
humano.
Uma
nova
abordagem
está
sendo
delineada
por
estudiosos,
procurando
definir
conceitualmente
o
que
seria
a
dimensão
espiritual
do
ser
humano,
e
o
que
encontramos
são
as
seguintes
definições:
Religiosidade
Religião
envolve
crenças
específicas
sobre
a
vida,
a
vida
após
a
morte
e
regras
que
orientam
o
comportamento
dentro
de
um
grupo
social.
É
organizada
e
praticada
dentro
de
uma
comunidade,
mas
também
pode
ser
praticada
em
privacidade,
sozinho,
fora
de
uma
instituição.
O
ponto
central
da
definição
é
que
a
religião
tem
suas
raízes
em
tradições
estabelecidas
que
surgem
de
um
grupo
de
pessoas
com
crenças
e
práticas
em
comum
em
relação
ao
transcendente.
Espiritualidade
Tornou‐se
uma
expressão
popular,
preferida
à
religião.
Atualmente,
espiritualidade
é
considerada
pessoal,
algo
que
cada
um
define
pessoalmente.
Geralmente
é
livre
de
regras,
dogmas
e
das
responsabilidades
associadas
`a
religião
‐
uma
pessoa
pode
ser espiritualizada,
mas
não
religiosa.
Na
verdade,
uma
‘espiritualidade
secular’
é
geralmente
enfatizada
hoje
em
dia
, nos
círculos
onde
a
religião
não
é
bem
vinda.
Assim,
espiritualidade
é
vista
como
pertencente
a
todos,
religiosos
e
secularistas.
Muitas
dessas
crenças
em
religião
e
espiritualidade
tem
um
forte
impacto
na
saúde,
pois
dizem
respeito
a
práticas
e
comportamentos
alimentares,
sociais
e
pessoais.
Uma
das
razões
para
a
retomada
de
interesse
no
aspecto
espiritual
é
o
crescente
descontentamento
do
público
com
os
serviços
médicos,
que
se
tornaram
extremamante
impessoais,
focados
apenas
no
dinheiro,
e
com
inúmeras
explicações
duvidosas
sobre
as
causas
das
doenças
–
quando
estas
existem.
Boa
parte
deste
descontentamento
também
pode
ser
endereçado
a
uma
revisão
geral
na
visão
de
mundo
de
muitas
pessoas
–
como
se
diz
no
meio
acadêmico:
estamos
numa
grande
virada
de
paradigma
(conceitos).
Assim,
perguntas
milenares
como
‘qual
o
sentido
da
vida?’,
‘quem
sou’,
‘o
que
é
a
realidade?’
estão
mais
uma
vez
motivando
as
pessoas
a
reverem
crenças
sobre
valores
profundos
de
vida.
Num
próximo
texto,
comentarei
sobre
este
novo
paradigma.
Para
maiores
informações
sobre
o
tema
espiritualidade
e
saúde,
acesse
a
biblioteca
virtual
HOJE,
no
link
do
blog.
Abraços,
Katya
Referência:
Koenig,
McCullough
&
Larson.
(2001).
Handbook
of
Religion
and
Health.
Oxford
Press.
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