A culpa nossa de cada dia. Só que não.
Boa Vida

A culpa nossa de cada dia. Só que não.



Já escrevi alguns posts sobre os grandes benefícios da permissão alimentar e de comer sem culpa. A culpa vem da crença inicial de que determinado alimento é “proibido” e deveria ser excluído/evitado, e quando de fato acreditamos nisto estamos propensos a comer mais quando expostos a este mesmo alimento. Ativamos em nossa mente o famoso “já que”: “já que comi isso, então melhor enfiar o pé na jaca de uma vez!”. Ou seja: saber que você vai se sentir culpado ao comer aquele chocolate não reduz a chance de você comê-lo mesmo assim. E o que é ainda pior: quando você come com culpa, a vontade não passa.

Deixar de sentir culpa ao comer é um processo, não ocorre de uma hora para a outra. É necessário um esforço ativo para que isso aconteça, já que 99% das pessoas já se arrependeu de ter comido algo pelo menos uma vez na vida. Mas comer sem culpa é libertador. E é por isso que decidi escrever esse post com algumas sugestões de como neutralizar essa sensação:

1. Lute dia a dia contra a noção absurda de que existem alimentos proibidos.
Simples assim: se você acredita que não pode, terá mais vontade e obviamente sentirá culpa ao comer. Um único alimento não tem o poder mágico de te engordar (leia mais aqui).

2. Diga NÃO à moralização da comida.
Você não é uma pessoa:
pior
sem força de vontade
politicamente incorreta
malandra
indulgente
pecadora
gulosa
suja
sem-vergonha
safada porque comeu duas coxinhas com catupiry. Mesmo que sua consciência, seus amigos, sua família e o universo tentem te convencer do contrário.

3. Respeite os sinais físicos de seu corpo.
Tente se convencer de que é absolutamente normal e esperado comer quando se sente fome. Não parece justo sentir culpa por estar respeitando e cuidando das necessidades do seu corpo.

4. Não rejeite suas vontades.
Por mais que você deseje acordar amanhã odiando chocolate, isso provavelmente não vai acontecer. Então, conforme-se com o fato de que você está vivo e tem desejos! Isso não significa que você vai sair por aí comendo tudo a qualquer momento. A vontade real é bem específica, está relacionada com alguma memória alimentar positiva e não é urgente. Ou seja, “vontade de comer um doce” não basta: você precisa saber qual é o doce e pode programar o momento ideal para comê-lo (e não vale ser semana que vem se a vontade é hoje!). Coma devagar, apreciando. Valorize o momento.

5. Situe-se no contexto.
Se você topou ir à lanchonete com seus amigos, coma um lanche! Se todos estão fazendo, por que só você não pode? Não é todos os dias que você come isso, certo? Não peça a salada, a não ser que você de verdade a queira – o que é pouco provável nessa situação!

6. Analise a situação.
OK, você não acha que comer brigadeiro é proibido e você tem se esforçado para respeitar sua fome e suas vontades. Mas comer 30 brigadeiros sozinha em casa, na calada da noite, sem nem mesmo se dar conta do sabor que eles tinham... Aí já é demais! Mesmo assim, respire fundo. Tente entender qual foi a situação que te levou a isso. O que aconteceu no seu dia? Que sentimentos você vivenciou ou tentou camuflar? Por que esses sentimentos são tão difíceis pra você? Talvez o comer emocional fosse o único recurso disponível pra você naquele momento. Talvez você não soubesse como lidar com a situação de outro modo. Então, tente desenvolver a autocompaixão. Guarde seu chicote na gaveta e não se massacre. Fortaleça-se para que da próxima vez seja melhor. E com certeza será.





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